domingo, 15 de agosto de 2010

Aventurança


Essa é a história de uma menina que tinha pela vida um amor passarinheiro. Sonhava ser trapezista, mas na falta de espaço na mala do mágico, escondeu-se no baú de um caminhão ao invés de fugir com o circo. Saltou na cidade seguinte e começou a fazer peraltices no posto de gasolina. Deu-se o caso que nunca mais na vida a menina parou de dançar, cantar, nem de andar pelas ruas das cidades. Do sol fez lona e da gente da beira das estradas, plateia. Foram dias e dias percorrendo os caminhos desse mundão, sempre com uma graça debaixo da manga, até quando quis mudar o rumo.
Numa atípica tarde chuvosa de uma cidade que não se sabe o nome, a menina decidiu parar. Os anos contavam o número de 22. Tinha os pés cansados da caminhada e um coração batendo de solidão. Viu do chão molhado brotar flor e pensou em fazer morada, com esperança de que também brotasse calma ao seu coração desacertado. Mas teve jeito não, ela só sabia-se liberdade. A vida todinha da menina foi assim, um pouco de loucura e um tantão de tanto de aventurança.

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