terça-feira, 27 de julho de 2010

Primeiro amor


Conheceram-se de uma maneira atípica: ele procurava um lugar seguro para se esconder dos amigos durante uma brincadeira no recreio quando a encontrou, cabisbaixa, escondendo-se dos outros e dela mesma. A escola, para ela, que se sentia diferente, era uma tortura. As pessoas costumam ser crueis nessa fase da vida. Foi amizade ao primiro esbarrão. E, desde então, ela nunca mais esteve sozinha. Na hora do intervalo, eles se escondiam juntos e brincavam de fazer planos. Ela ficava encantada com a maneira natural com a qual ele tirava sonhos do bolso. O mundo era mais bonito quando ele a ajudava a olhar. Ela usava óculos e, ao contrário dos outros garotos, ele não fazia piada com o fato, até achava graça do jeito diferente que ela tinha de enxergar as coisas. Certa feita, ela apareceu com uma flor vermelha enfeitando o cabelo. Ele achou bonito e fez elogio. E ela passou a usar o enfeite durante semanas, dia após dia. Ele percebeu, mas achou melhor não comentar. Na hora da saída, era sempre uma agonia no coraçãozinho dela, vontade de ficar um pouco mais. As tardes passaram a ser espera pelo dia seguinte. Foi quando numa das despedidas, enquanto esperavam pelos pais na porta da escola, ela tomou coragem e, timidamente, beijou-lhe a face. "Eu também gosto de você", ele disse. E ela foi feliz como nunca.

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