quarta-feira, 14 de julho de 2010

Do que resta

Depois de tanta chuva, faz sol no Recife. Os dias mais solares fazem as coisas melhorarem aqui dentro também. Aos poucos, eu vou conhecendo os meus abismos e aprendendo a lidar melhor com as minhas próprias ruínas. Toda aquela angústia paralisante já não me sufoca mais. É verdade que ainda não aprendi direito a lidar com a minha própria morte. Mas, sei que isso leva tempo e não tenho pressa. Ontem, tive uma tarde inteira regada a filmes, ao lado de uma boa companhia sagitariana. Um deles, de nome muito peculiar, deixou-me deveras intrigada: "O filho sem mãe". Eu, que só tive mãe a vida inteira, tenho dificuldade até para imaginar como seria isso. Penso que um filho sem mãe é feito uma criança impossibilitada de correr diante de um descampado enorme, verde, em dia de céu azul. É assim que me sinto quando penso que posso, um dia, perder a minha mãe: uma menina de pernas assassinadas. Dá uma dor de tirar o fôlego, maior que a morte. O que mais restará a perder quando eu, que só tenho mãe nessa vida, ficar sem a minha?

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